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  • Foto do escritorAscom Sintesam

"A luta me salvou enquanto mulher": relatos femininos inspiradores na mobilização sindical

Há militâncias femininas que surgiram na adolescência, na tomada de consciência social; outras, já na idade adulta, para amenizar dores pessoais que passaram a se curar a partir de conquistas coletivas


Companheiras Ana Grijó (à esquerda) e Adna Wally (à direita): trajetórias diferenciadas que, ao mesmo tempo, contribuem para conquistas femininas e coletivas. Arte: assessoria/Sintesam


Mulheres de diferentes gerações marcam a luta sindical como um todo. E os motivos que as fizeram entrar na militância fazem parte de um universo que só mesmo as mulheres entendem, entre histórias de batalha, de superação, outras tristes e emocionantes, mas todas inspiradoras. Duas das sindicalizadas do Sintesam contaram um pouco de suas trajetórias pra gente. Ana Grijó é técnica-administrativa em educação (TAE) aposentada da Ufam, mas segue no cotidiano de luta, assim como foi na juventude. Natural de Anori, no interior do Amazonas, encontrou-se enquanto militante na adolescência.


"A minha luta não começou no movimento sindical. A minha luta como militante, na verdade, iniciou a partir da minha percepção e consciência sobre trabalho, injustiças sociais. Mais ou menos ali pelos meus 15 anos, ainda na minha terra, em Anori, quando eu percebi que havia algo de errado no mundo. Comecei a perceber as desigualdades e lutar contra elas", conta Ana, que viveu em diferentes frentes sociais ao longo de todas as fases da vida.


Ela continua. "Vim para Manaus em 1970 e iniciei a trajetória de militância na capital. Morei com um grupo de freiras de escola no bairro da Betânia. Vivi um momento mais profundo de percepção com as irmãs Dorotéia por meio da educação voluntária e popular, na comunidade eclesial de base, um movimento da Igreja Católica".


Já profissional na área da educação, ampliando a visão e consciência sobre o mundo e o contexto do Brasil na época, Ana Grijó participou desde as mobilizações de combate à ditadura militar nos anos 80 até o movimento da Assembleia Constituinte, que originou a atual Constituição Federal, em 1988, marcando o Estado Democrático de Direito na República Federativa do Brasil. As ações das Diretas Já também contaram com a participação de Ana.


Seu primeiro grito sindical aconteceu nos anos 90, quando fez parte do movimento de greve. Em 1991, ano de fundação do Sintesam, ela já se filiou ao sindicato, participando das discussões, assembleias, reuniões sindicais. Ela também participou da coordenação do Sintesam como coordenadora de comunicação e também de finanças. Hoje é conselheira fiscal, e conta por que a continuidade do sindicato é importante para a sociedade. Segundo a aposentada mais ativa do que nunca, a base sindical segue "Defendendo nossos direitos que já estavam segurados na Constituição Federal, mas mesmo assim a gente, trabalhador, precisava - e precisa a todo momento - lutar para que direitos sejam respeitados e colocados em prática. Conquistando também outros direitos que ainda precisam ser ampliados", reforça Ana.


Histórias diferentes também se encontram no contexto feminino


Bem diferente foi a entrada de Adna Wally, TAE da Ufam na ativa, servidora do Instituto de Ciências Biológicas da universidade. Mas o contexto do ingresso de Adna na vida sindical soa bem familiar para muitas mulheres brasileiras. "A luta sindical surgiu em um momento muito difícil da minha vida. Durante uma separação, eu estava tendo crises emocionais e grandes dificuldades pra seguir em frente. Sou mãe de duas meninas e encontrei uma grande rede de apoio em amigas que participavam ativamente nos movimentos do sindicato. Eu participava das assembleias apenas como sindicalizada pelo convite de um amigo. Depois de entrar na vida sindical de vez, essas amigas foram colunas na minha vida. Essas amigas me acolheram, foram atenciosas comigo, foram praticamente uma família", ela explica, ainda emocionada ao lembrar.


Adna também fala dos desafios que foram compartilhados entre mulheres da luta, que dividiam histórias muito parecidas. Desabafando entre amigas, ela descobriu como os mesmos ciclos se repetem. Para ela e para muitas outras, foi difícil completar a graduação, a pós e até o mestrado. "Estava grávida e tive muita dificuldade em achar orientação no mestrado. Recebi muitos nãos. Muita gente dizia pra eu desistir, esperar ter bebê. Mas não desisti. E cá estou. E em breve farei o doutorado".


E essas similaridades também cruzam as histórias de Adna e Ana Grijó. Apesar de terem ingressado na vida sindical por motivos diferentes, como mulheres, Adna e Ana, mães e de luta, trabalharam muito mais que apenas o expediente oficial do serviço.


"Sou mãe solo. Separei tinha dois filhos pequenos. Fui uma mulher que se lança na militância trabalhando, estudando, na vivência da universidade em centros acadêmicos, na luta pelos direitos dos estudantes e pela universidade pública, gratuita e de qualidade social - e cuidando de casa. Foi uma das lutas da minha vida, depois de conhecer a importância e a grandeza da universidade", conta Ana Grijó.


E assim elas seguem em frente, orgulhosas das próprias vitórias, mas conscientes que ainda existem muitas batalhas pela frente, não só individuais, mas principalmente coletivas.


"Entre falhas, erros, acertos e resiliências, quero ser um exemplo para minhas filhas, assim como minha mãe foi pra mim. A luta me salvou enquanto mulher", encerra Adna, desejando um Feliz Dia Internacional da Mulher a todas as companheiras de luta!






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